Cassis em Verso




Alianças do amor!!

  
 O amor tem a ver com os astros: é cósmico
À primeira vista, o amor é ótico.
O amor tem a ver com os átomos, é químico.
Quando louco de ciúmes, é neurótico.


O amor tem a ver com o sexo: erótico!
O amor se dissolve nos filtros: é líquido.
Nos calafrios da morte o amor é gótico.

Eu, cá, prefiro o vaporoso
Modo de amar das nuvens rotas
Almas - do poeta e da sua amada -
Unidas sem que se toquem suas gotas.

E quando brilha o sol no meio do céu,
E projeta um arco-íris na janela,
Não sei se é da minha, ou da nuvem dela,
A gota de amor que reflete esse anel!
 Cassiano Ribeiro Santos
♥♥     ♥♥         ♥♥      ♥♥   ♥♥      ♥♥     ♥♥ 
    

Alquimia


Cassiano Ribeiro Santos

O Desejo das ninfetas
Como halo nos cristais
Umedece as maçanetas
Incendeia os castiçais!

E se evola pelos guetos

Em volutas e espirais
envolvendo as estrelas
De arco-íris infernais!


Comentário do Autor:

Fiz ontem, dia sete de junho de dois mil e onze para sublimar uma cantada que levei de uma linda garota de 16 anos! (fingi que não entendi). Além do que, ela se apaixonou pela sabedoria emprestada das coisas que,então, eu falava; sabedoria essa que a Deus pertence. Fosse ela se deitar comigo e nenhuma sabedoria iria encontrar nesse corpo calejado de galo velho, como não se atinge a colméia roendo o tronco por onde o mel escorre!

♥♥     ♥♥         ♥♥      ♥♥   ♥♥      ♥♥     ♥♥ 

Nostalgia - Cassiano Ribeiro Santos 

A chuva que pela vidraça eu via
Em vapores perdida, no passado, nas colinas,
Em cântaros sobre as pedras, são neblinas
Onde o espaço se dissolve na melancolia

Da min’alma que no fluxo do tempo desce

Como um barco de papel sem destino
E nas dobras desse brinquedo de menino
Foge o passado, que inteiro, coalesce. 

As folhas da memória são as velas, navego
Contra o tempo e a essa ânsia me entrego
De voltar à estival manhã da origem                                 
Mas de infinitas chuvas é feita a minha história
De vapores e neblinas são as velas da memória
E naufrago no oblívio e na vertigem!
♥♥     ♥♥         ♥♥      ♥♥   ♥♥      ♥♥     ♥♥ 
      IMAGEM  TEMPO


    Por avenidas urgentes dois amantes
   Separados em infinitos pontos no espaço
   Vencem a distância com um simples passo
   No breve tempo de infinitos instantes

  Tempo e movimento são dados imediatos
   Do pensamento e não se confundem  
   Com o espaço, que pode ser dividido ao infinito                 
Maculando o espírito com esquemas abstratos

   A simplicidade do movimento me assombra
   O universo se comunga nesse momento
   Do tempo que é um rio caudaloso e cuja sombra
   Posso vê-la nos amantes em movimento.

Cassiano Ribeiro Santos
♥♥     ♥♥         ♥♥      ♥♥   ♥♥      ♥♥     ♥♥ 


A missão do artista - A vida é a sombra de uma nuvem/ que corre sobre a relva/ e no crepúsculo se vai! 


O sentido da vida na arte se encerra
E sem a qual quem sua vida consuma
 Tal vestígio de si deixa na terra
 Qual a fumaça no ar ou, na água, a espuma

 Mais breve que um vestígio, nossa vida
É no fogo do mundo efêmera centelha
 Mas se tão cedo em cinza é convertida
 também na eternidade se espelha

 É nela que o artista grava seu nome
 Na arte esculpida com o mesmo
Cinzél das horas que o consome

 Pois não passam isentas de danos
As horas que vão limando os dias
 Os dias que vão roendo os anos...
     
Nota do autor:
A primeira estrofe é de Leonardo da Vinci; a última, de J. L. Borges; as duas do meio são minhas, emendando-as e acenando a bandeira da poesia sobre os ombros de gigantes! Tal proeza se assemelha a por um pé no Pão de Açucar, outro no Corcovado, e lavar o saco na Baía da Guanabara!!!Cassiano Ribeiro Santos.

Comentário da amiga,Joyette Daud
Mesmo pisando em solos seguros como Da Vinci e Jorge Luis Borges, é difícil equilibrar-se; mas você conseguiu fazer uma ponte entre os dois com perfeita destreza, sem perder o fio da meada. Ficou ótimo o poema !

             ♥♥     ♥♥         ♥♥      ♥♥   ♥♥      ♥♥     ♥♥   

 Blue  Moon  ( Lua  Azul )    

           Cassiano Ribeiro Santos

                 A lua, cristal feito de nuvens
           Que o anil das tardes condensa
           E no orvalho lentamente se esvai

              É o estanque sonho de todas as águas
                     Das ondas que sobem,
                    Da chuva que cai.

           Quando se turva a imagem da lua
        Nas águas arrepiadas pelo vento
                     De ondulantes afagos,

               Busco o repouso no seu rosto
              Que também é uma lua
       Refletindo nos olhos o azul de dois lagos

Mas em vão. Os ventos da paixão tua imagem desfaz
    Em ondas de lágrimas minha visão se agita,
  No azul de teus olhos vejo dilúvios de orvalho. 

♥♥     ♥♥         ♥♥      ♥♥   ♥♥      ♥♥     ♥♥ 

Prisma


Como dois espelhos conjugados
Em cristalinas imagens a insinuar
Que o tempo é instantâneo e infinito

Nosso olhar cintila o brilho de uma taça
Transborda de afetos o presente que passa
Revela futuro e passado que era símbolo e mito

Você vê a rosa do porvir nesse cristal do tempo
Eu vejo teus antepassados brindarem o sangue infinito
Venerados sejam os espelhos e as cópulas
Que multiplicam nossa carne e nosso espírito.

Cassiani Ribeiro Santos

♥♥     ♥♥         ♥♥      ♥♥   ♥♥      ♥♥     ♥♥ 

A flor do tempo 

No livro da vida, obra aberta
Somos o papel, o estilo. São pétalas de rosa -
Quando sonhamos – as páginas vertiginosas
Espinhos, quando a vigília nos desperta.

As tardes iguais, feitas de medo e frio
São ásperos fascículos “in folio”
Suaves, porém, se lidas no escólio,
Dos sonhos que passam como um rio.

Vai se desfazendo a cada dia
Nas águas do oblívio e da agonia
O livro de sina venturosa.

Pétalas que o tempo, em lenta alquimia
Destila seivas, nutrindo com alegria
A vida que dos sonhos é a Rosa!

Quinta, 13 de outubro de 2011 às 00:32 ·
  





 



5 comentários:

Você poderá ler:

Pesquisar este blog