terça-feira, 23 de outubro de 2012

A Flor do Tempo


Cassiano Ribeiro Santos

No livro da vida, obra aberta
Somos o papel, o estilo. São pétalas de rosa -
Quando sonhamos – as páginas vertiginosas
Espinhos, quando a vigília nos desperta.

As tardes iguais, feitas de medo e frio
São ásperos fascículos “in folio”
Suaves, porém, se lidas no escólio,
Dos sonhos que passam como um rio.

Vai se desfazendo a cada dia
Nas águas do oblívio e da agonia
O livro de sina venturosa.

Pétalas que o tempo, em lenta alquimia
Destila seivas, nutrindo com alegria
A vida que dos sonhos é a Rosa!
Maravilhoso.A beleza cantada em versos!!!!!
Bela poesia que me tocou a alma.
" Atrás do horizonte,
o pôr do sol abraça minh'alma.
A brisa chega com o luar,
ocupando seu lugar.
 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Assim diz o Poeta

 
O poeta é um fingidor
 E no fingir tão iracundo
 Que finge ser caprichos de um ator 
 As mágoas do seu coração profundo!
@Cassidy Brook (Cassiano Ribeiro)

Homenagem ao Poeta

 
    A PRECESSÃO DOS EQUINÓCIOS

Quem saberia pintar a solidão destes prados secos?
O desdém da pequena nuvem no céu de um azul retinto?
Não sou eu quem sente, do sol inclemente, o calor.
Sou eu e o sol, que somos um só, na sensação que sinto.

Levantei o lençol do Rio da Ema
E vi onde se esconde a noite escura
Vi estrelas sonolentas devorando um peixe morto
Lançando, com suas caldas, lama em meu poema.

Cansado de problemas e negócios
Por longitudes e latitudes dilaceradas
Me converto na equação das trovoadas
E “chuvo” na linha fina dos equinócios!


"Todos os livros possuem alma. A alma de quem o escreveu, a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele."
....Carlos Ruiz Zafón....

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sonhos Divinos

  Cassiano Ribeiro Santos
   sexta, 22 de Janeiro de 2010 às 10:18 ·

Voltei sonhando à casa da minha infância e contemplei pela janela do meu quarto o quintal, onde eu brincava de ser adulto e as tardes brincavam de serem eternas (se um dia descobrirem um parentesco entre os sonhos e a eternidade, entre a imaginação criadora e a alma do mundo, como pensava Avicenna, recordaremos, do nosso passado, bem mais os sonhos que aqui tivemos do que da vida que realmente vivemos). Voltando a fita, eu contemplava o quintal agora gigantesco, pois, para ali hospedar os sentimentos da infância, a percepção da época em que os lugares eram enormes fora ativada com certa dose de exagero. Era grande também a desolação por não haver ninguém ali além de mim a admirar, feito um Adão pecador, um paraíso perdido e sempiterno. Para meu grande estupor, ao fitar o céu, vi as nuvens caprichosas, à luz trágica do poente, encenarem episódios da minha infância que julguei extraviados nas curvas da memória: em uma longa faixas de cirros dilacerados pelo vento havia uma criança erguendo pelas patas dianteiras um animado cãozinho – era eu e duque, meu cachorro que, em lágrimas, um dia enterrei; gordos nimbos no horizonte tinham a forma de um menino sobre um tonel a rolar em mirabolantes piruetas e uma nuvem escura no meio do céu, projetando sua sombra no quintal, era o arquétipo da minha cerejeira em cujos galhos meus dedos inocentes disputavam com o vento uma pipa ali presa. O movimento das nuvens - presto andante - surpreendia-me por não desfazer as imagens, mas evoluir-lhas com a graça de um teatro japonês. Ver o trailer da minha infância comezinha, projetada nas lâminas hiperbóreas do céu, deu-me a embriagante sensação de DEUS estar por trás deste sonho, fazendo o back-up da memória e apascentando nos brancos rebanhos do céu a minh’alma de nefelibata.

Ótica Conjectural de um Pintor Voyeur!

 Por Cassiano Ribeiro Santos 
 Quinta, 21 de Julho de 2011 às 15:01
 


Quando, a luz se reflete, em uma superfície colorida e ilumina um espaço escuro, ela brilha com a cor da superfície refletora que lhe modula. A luz da manhã refletida na areia lampeja farpas amarelas e rebatida em cortinas vermelhas, projeta no teto do quarto um palor carmim.
 Nesse quadro de Pissaro, pintor pontilhista francês, vemos no rosto afogueado da moça espalhar-se um bronzeado verde musgo, marca persistente, para além das impressões fugidias, de uma tarde a flanar pelos verdes prados!



quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tessitura


 
Despertamos para a Vida que pulsa, que vibra, que vaza, que canta, a cada minuto e momento!!!... e adormecemos, às vezes, cobertos por cinzas do cotidiano, que obscurecem o colorido exuberante e vivaz dos instantes, quando sorvidos com intensidade, vontade, paixão!... Talvez, tenhamos que adormecer e despertar, tantas vezes, durante a trajetória vital, simplesmente para não esquecer
,nossa fragilidade e força, para nos relembrar, todos os dias e horas, da finitude infinda de tal tessitura: dos fios que nos bordam, nos envolvem e enlaçam, das linhas que nos desenham, conduzem, entrelaçam, da urdidura incessante e mirabolante da história. Talvez, precisemos despertar, adormecer e sonhar, para que sejam reinventadas as cores e esperanças, as cintilâncias que entrevemos nas frestas do cotidiano (aparentemente) banal...



Assim, vamos vislumbrando as fulgurações do afeto, do amor e da arte, nas aberturas das noites, das manhãs, dos meses, na travessia dos séculos, no girar do mundo, dos astros, das constelações... Quem sabe, nos arrisquemos aos vôos e travessias, e viajemos, à deriva, em alguns momentos venturosos de luminosidade azul-lilás, entremeados de turquesa, alizarim, violeta, e respingados de verde ou coral, em que possamos sentir a alma bailando aos quatro ventos, na direção deste saber insabido e volátil que nos move, nos instiga, impulsiona!... Entretanto, para isso precisamos navegar com vontade e coragem, entre cinzas e cintilâncias, alimentar as esperanças, exercitar as asas, todas as noites, todas as horas, todos os dias!!!  
Ana Luisa Kaminski
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