"Enquanto
há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos
passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas
vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda
conservam seus sentimentos antigos:
lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia
se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os
casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do
perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, —
por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade.
Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera."Cecília Meireles
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